Quando queremos que alguma coisa fique ancorada à nossa vida,
fazemos de tudo para mantê-la presa à nós.
Criamos laços e os apertamos com todo nosso coração.
Os nós fazem parte de nós.
Se prezamos ter laços afetivos e pedaços de memórias
agarradas definitivamente à nossa pele,
há aqueles nós que se apegam sem que nossa permissão
seja pedida e sem que tenhamos forças para desatá-los.
Esses nos acompanham e nos adoecem.
Viver com nós na garganta, que não descem e nem saem,
nos deixa deficientes.
Avançamos em algumas outras coisas, mas o não resolvido fica,
como um espinho na carne.
A gente caminha, mas sente que algo ficou pra trás e muitas
das dores de garganta que não conseguimos curar são
emoções presas das quais não soubemos nos livrar.
O que fica atravessado diante de nós é o peso que carregamos
por vezes por anos e anos.O dia bendito em que conseguimos
colocar em palavras e lágrimas aquilo que nos ofendeu,
entrou em nós e ficou, o sol desponta no horizonte como
se fosse seu primeiro dia.
Ah, Deus, se tivéssemos sempre a coragem de abrir nosso
coração e gritar nossa mágoa,
quão mais leves e sãos poderíamos viver!
Se criamos a coragem de desatar, devagar, certo,
mas desatar, um a um os laços que nos incomodam,
liberamos uma a uma as ansiedades,
os males que nos doem física e psicologicamente.
Nessas horas nosso coração bate de maneira diferente,
respiramos mais ar puro e nossos olhos se abrem para novos horizontes.
Só um pequeno passo,
um muito de coragem e uma nova vida pode começar.
Letícia Thompson
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