Uploaded with ImageShack.us

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Castelos de Areia


Sol a pino. Maresia. Ondas ritmadas. Na praia, está um menino.

Ajoelhado, ele cava a areia com uma pá de plástico e a 
joga dentro de um balde vermelho.
Em seguida, vira o balde sobre a superfície e o levanta. 
Encantado, o pequeno arquiteto vê surgir diante de si 
um castelo de areia. 
Ele continuará a trabalhar a tarde inteira. 
Cavando os fossos. Modelando as paredes. 
As rolhas de garrafa serão as sentinelas. 
Os palitos de sorvete serão as pontes. 
E um castelo de areia será construído.

Cidade grande. Ruas movimentadas. 
Ronco dos motores dos automóveis. 
Um homem está no escritório. 
Em sua escrivaninha, ele organiza pilhas de papéis e distribui tarefas. 
Coloca o fone ao ouvido e faz uma chamada. 
Como num passe de mágica, contratos são assinados e, 
para grande felicidade do homem, são fechados grandes negócios. 
Ele trabalhará a vida inteira. Formulando planos. 
Prevendo o futuro. 
As rendas anuais serão as sentinelas. 
Os ganhos de capital serão as pontes. 
Um império será construído.

Dois construtores de dois castelos. 
Ambos têm muita coisa em comum: 
fazem grandezas com pequeninos grãos... 
Constroem algo do nada. 
São diligentes e determinados. 
E, para ambos, a maré subirá, e tudo terminará. 
Contudo, é nesse ponto que as semelhanças terminam. 
Porque o menino vê o fim, ao passo que o homem o ignora.

Observe o menino na hora do crepúsculo.
Quando as ondas se aproximam, 
o menino sábio pula e bate palmas.

Não há tristeza. Nem medo. Nem arrependimento. 
Ele sabia que isso aconteceria. 
Não se surpreende.

E, quando a enorme onda bate em seu castelo e sua obra-prima 
é arrastada para o mar, ele sorri...
Sorri, recolhe a pá, o balde, 
segura a mão do pai e vai para casa.
O adulto, contudo, não é tão sábio assim. 
Quando a onda dos anos desmorona seu castelo, 
ele se atemoriza...

Cerca seu monumento de areia, a fim de protegê-lo.

Tenta impedir que as ondas alcancem as paredes. 
Encharcado de água salgada e tremendo de frio, 
ele resmunga para a próxima onda.

É o meu castelo, diz em tom de afronta.
O mar não precisa responder. 
Ambos sabem a quem a areia pertence...

Talvez você não saiba muito sobre castelos de areia. 
Mas as crianças sabem.
Observe-as e aprenda. 
Vá em frente e construa, 
mas construa com o coração de uma criança.

Quando chegar a hora do pôr-do-sol e a maré levar 
tudo embora, aplauda. 

A vida tem sua dinâmica própria, e obedece a Leis transcendentes, 
que nem sempre conseguimos compreender totalmente...

Mas o certo é que a roda da vida gira e nos oferece lições importantes 
para serem apreendidas e vividas.

Resta-nos conhecer e confiar. Observar e aprender.

ROBSON FOFFANO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua opinião sobre o texto.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...