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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Amor Virtual




A cada dia a humanidade descobre uma nova forma de se relacionar,
somos sedentos de relação, nos relacionamos  para nos  desenvolver
emocionalmente e para sobreviver.

O ser humano só adoece.
É a busca de completude,  de compartilhar,  de ser entendido, ouvir,
aprender,  desenvolver-se  que  faz  o  movimento  das relações.

Mas para relacionar-se é preciso vencer o medo, medo de não agradar,
medo de não ter assunto, medo de não ser atraente,
medo de não ser inteligente, medo de se envolver,
medo de amar,  medo de se machucar,
medo de não ser correspondido, medo simplesmente de não ser aceito,
medo da violência, medo da humanidade...medo.

A sociedade tem medo. Assaltos, sequestros, abusos sexuais assassinatos,
são as manchetes de todos os dias.
A sensação de desproteção e fragilidade invade nossas vidas
e vai fechando as pessoas em suas casas, em sua vida pessoal,
em sua cada vez mais escassa e seleta rede de relacionamentos.

Solidão se confunde com proteção e algumas vezes é sinônimo
de clausura.

O solitário é aquele que escolhe a solidão,
não importa o motivo, para ele a solidão é uma opção,
é diferente daquele que se sente só,
ser só traz consigo a sensação de abandono e de não ser  importante,
não fazer falta.

O solitário abandona o mundo e o só sente que nunca foi acolhido.
Na verdade são faces da mesma moeda.

Dentro deste cenário surge nossa querida e ágil Internet.
Em instantes podemos falar, trocar idéias e conhecer pessoas,
supostamente protegidos pela tela de nossa máquina.
Resgata-se quase como mágica a possibilidade de relacionar-se
sem medo, e aí a imaginação toma conta.

Como em um conto de fadas, no mundo virtual,
tudo pode, alguns chegam a mentir sobre quem são ou como são,
mandando fotos provavelmente de como gostariam de ser,
talvez mais altos, mais magros, mais belos, mais ricos, mais sábios...
na verdade criam suas imagens idealizadas e perfeitas.

Será que voltamos aos namoros por cartas de décadas atrás?
Criar um mundo imaginário é muito fácil desta forma.
Pessoas se conhecem, namoram e até fazem sexo  virtualmente.
O objetivo aqui não é recriminar esta prática,
acredito que  como  forma de relação humana ela pode ser positiva
ou negativa, depende de como e porque é usada.

A Internet é uma excelente ferramenta de pesquisa,
e como tal pode ser útil até mesmo no campo dos relacionamentos pessoais
e afetivos, facilitando o acesso a alguém que você dificilmente conheceria
de forma convencional, ou mesmo demoraria mais para conhecer.

O problema começa quando esta prática substitui por completo o
relacionamento “ao vivo e a cores, com direito a percepções e sensações”,
tornando-se uma forma de se esconder,
ou de não lidar com as próprias  inseguranças.

É possível Amar virtualmente?
Acredito que apaixonar-se sim, amar talvez seja mais difícil.
Amar implica em conhecer o outro em aceitá-lo e ser aceito,
com todas as qualidade e defeitos, o “pacote completo”.

O ser humano é mais do que suas palavras, ele é também atitude,  tom de voz,
ritmo, expressão, espontaneidade e criatividade  interagindo dinamicamente.

O que falta nas relações virtuais é o mesmo que faltava nos relacionamento
por carta e nos “amores platônicos”, falta o “olho no olho”
e a fala articulada com a expressão de todo o corpo que concede
a credibilidade àquele que escutamos.
E falta principalmente o toque, como expressão de carinho e fonte de prazer,
isso não será jamais substituído.

Antes a vida que o medo, não importa o meio de comunicação,
importa a relação que você faz e com quem você se comunica.

Não importa se o outro mente ou não,
importa o quanto você deseja ouvir aquelas mentiras...

Não importa a realidade em que você vive,
mas a ilusão da qual você não quer participar...

Ensaie à vontade pela Internet, mas tente, ouse,
se proponha a vencer suas dificuldades de relacionar-se,
sua timidez e procure relações ao alcance de suas mãos e de seus olhos.


Por: Sirley R. R. Bittu

Postado em: http://clinicaselfcare.com/artigo.php?id=109&amor_virtual.html
Direitos Autorais deste texto – Dra. Sirley Santos Bittu.
O texto está registrado de acordo com a lei de Direitos autorais.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Afinidade




Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante
dos sentimentos.
E o mais independente também. Não importa o tempo, a ausência,
os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.

Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo,
a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.

Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que
as pessoas deixaram de estar juntas.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos
que impressionam, comovem ou mobilizam.

É ficar conversando sem trocar palavras,
é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Não é sentir nem sentir contra...Nem sentir para...
Nem sentir por...Nem sentir pelo...Afinidade é sentir com.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber... É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar:
apenas afirmar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.

É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.

Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.


(Artur da Távola)

www.rivalcir.com.br

sábado, 11 de agosto de 2012

Tristezas?!




Se eu disser pra você que hoje acordei triste,
que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol
estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver,
mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar,
acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço
sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho,
colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões,
se eu disser que foi assim, o que você me diz?

Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros,
que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia,
que hoje levantei devagar a tarde e que não tive vontade de nada,
você vai reagir como?

Você vai dizer "te anima" e me recomendar um antidepressivo,
ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu
(mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza),
vai dizer para eu colocar uma roupa leve,
ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui,
velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim,
mas também porque é mais um que não tolera tristeza:
nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém.

Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa,
que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma.

Não sorriu hoje? Medicamento.
Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo,
telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje,
nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal.
Mas quando fico triste, também está tudo normal.
Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria,
é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo,
ora busca o silêncio e a solidão.

Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa.
Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém,
com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas
 repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer,
sem uma razão aparente,
as razões têm essa mania de serem discretas.

"Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/
e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/
eu ando tão down..."
Lembra da música?
Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer.
Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso,
 melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara.

"Não quero te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música.
Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato.
Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la,
ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar
o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia,
e que desconfia de quem está calado demais.

Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius),
mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for.

Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite
estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem
por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa
introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar.

Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força
e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta,
anunciando o fim de mais uma dor, até que venha a próxima,
normais que somos.

Marta Medeiros

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Certas horas


Há certas horas, em que não precisamos de um Amor…

Não precisamos da paixão desmedida…

Não queremos beijo na boca…

E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama…

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro,
o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado… 
Sem nada dizer… Há certas horas,
quando sentimos que estamos pra chorar, 
que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente,
a brincar com a gente, a nos fazer sorrir…

Alguém que ria de nossas piadas sem graça… 
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo… 
Que nos teça elogios sem fim…

E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma
sinceridade inquestionável…

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado…

Alguém que nos possa dizer:
“Acho que você está errado, mas estou do seu lado…”

Ou alguém que apenas diga:
Sou seu amigo ! E estou Aqui!


Autor desconhecido
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