De repente, o ar fica pesado.
É difícil se movimentar, decidir, encontrar uma saída.
Como não há o que fazer, procuro o céu.
Abro a porta, a janela, os portões, levanto a cabeça
e miro lá em cima, no topo dos prédios.
Às vezes, encontro algumas nuvens ou
uma estrelinha meio apagada, e respiro fundo.
O ar entra devagar pelas narinas, magicamente, leve e fresco.
Fecho os olhos.
Lembro das aulas do colégio: entra oxigênio e sai gás carbônico.
Inspiro renova'cão e expiro o que não quero mais.
Aos poucos, presto atenção nesse ato mecânico que nos mantêm vivos
- respirar - e ele me acalma.
Os barulhos ao redor desaparecem e é como se eu estivesse em
um espaço só meu, verde e iluminado.
Ali, as coisas voltam, cada uma para o seu lugar.
A liberdade retorna.
E os problemas não desaparecem,
mas deixam de ser monstros invencíveis.
Quando alguém, me vir parada, olhando para cima,
pode saber: não estou Ali.
Estou em algum outro espaço, tranquilo e claro, cheio de ar fresco.
Um local onde tudo está parado,em um tempo eterno.
Às vezes, encontro nesse passeio alguma perola ou joia valiosa,
como a certeza de que tudo vai dar certo ou
a réstia de paz que havia perdido.
Na volta,
resgato do esquecimento um sorriso que há muito tempo não vestia.
É que parar e respirar é meu ritual particular para
me livrar das dificuldades e ser feliz.
Rita Loiola